A Costa do Marfim, depois de quase ter sido eliminada na fase de grupos, conquistou a terceira Copa Africana de Nações de sua história ao derrotar a Nigéria por 2 a 1 na final, neste domingo (11), diante de sua torcida, no estádio Alassane Ouattara, em Abidjan. 

Mas desta vez não foi um milagre. Os 'Elefantes' mereceram a vitória, com gols de Franck Kessié (62') de cabeça e de Sébastien Haller (81'), cortando sutilmente com o pé a trajetória da bola. Nos dois gols o cruzamento foi de Simon Adingra.

Mas o início foi difícil para os anfitriões, como tem sido ao longo da competição. Neste domingo as 'Super Águias' abriram o placar no primeiro tempo, quando o capitão William Troost-Ekong cabeceou para o gol da Costa do Marfim após uma cobrança de escanteio (38').

Sofrimento do início ao fim

Primeiro os marfinenses foram quase eliminados na fase de grupos depois de perder por 4 a 0 para a Guiné Equatorial, mas se classificaram para as oitavas de final como um dos quatro melhores terceiros colocados dos grupos. 

Depois vieram as oitavas de final e a classificação dramática nos pênaltis contra o Senegal (1-1; 5-4). 

Em seguida o duelo épico de dez contra onze contra o Mali (2-1 na prorrogação). As duas partidas tiveram gols nos últimos momentos. 

Na semifinal os marfinenses tiveram um pouco mais de tranquilidade ao vencer a República Democrática do Congo por 1 a 0. 

Um país anfitrião não conquistava o título desde que o Egito ergue a taça em 2006, justamente contra a Costa do Marfim (0-0; 4-2 nos pênaltis).

"É mais do que um conto de fadas", comemorou o técnico Emerse Faé, que assumiu o cargo com o torneio já iniciado. "Ainda é difícil para mim acreditar no que fizemos, quando penso em tudo o que vivemos", acrescentou o treinador que substituiu Jean-Louis Gasset no final da primeira fase, e de quem era auxiliar. 

Os marfinenses finalmente marcaram um gol em cinco finais da CAN. Nas quatro primeiras o resultado havia sido 0 a 0, com dois títulos (1992 e 2015) e dois vice-campeonatos (2006, 2012) nos pênaltis. 

Sébastien Haller, que chegou à competição lesionado e não disputou um único minuto na fase de grupos, foi um dos destaques na campanha do título com um gol nas semifinais e outro na grande final.

Um feito e tanto para um jogador que superou um câncer testicular e que não marcava contra equipes profissionais em nenhuma competição havia seis meses (apenas uma dobradinha contra amadores na Copa da Alemanha pelo Borussia Dortmund). 

Já o atacante nigeriano Victor Osimhen ficou a um passo de cumprir o objetivo que tinha em mente. 

Euforia nas ruas

O atacante do Napoli sonhava em levar sua seleção ao título e se juntar a Jay-Jay Okocha e Nwankwo Kanu, seus ídolos do futebol nigeriano. 

A Nigéria perdeu pela quinta vez nas oito finais disputadas, diante de uma manada de 'Elefantes' muito difícil de deter. 

"A CAN está em casa e não vai sair daqui!", gritou um torcedor. A euforia tomou conta do país após o triunfo. 

No popular bairro de Adjamé, em Abidjan, capital econômica da Costa do Marfim, o clima era de tensão, até que com o apito final a loucura tomou conta e os gritos, danças e vuvuzelas foram o reflexo da alegria que inundou as ruas. 

"Desde as oitavas de final contra o Senegal eu sabia que conseguiríamos!", comemorou outro torcedor, Ibrahim Coulibaly, antes de uma noite que promete ser longa em Abidjan.

--- Os últimos 10 campeões da Copa Africana de Nações:

2024: Costa do Marfim 

2022: Senegal 

2019: Argélia 

2017: Camarões 

2015: Costa do Marfim 

2013: Nigéria 

2012: Zâmbia 

2010: Egito 

2008: Egito 

2006: Egito

--- Títulos por país:

7 títulos: Egito 

5 títulos: Camarões 

4 títulos: Gana 

3 títulos: Nigéria, Costa do Marfim 

2 títulos: Argélia, RD Congo (ex-Zaire) 

1 título: África do Sul, Congo, Etiópia, Marrocos, Senegal, Sudão, Tunísia, Zâmbia