A jogadora espanhola Jenni Hermoso abriu um processo contra Luis Rubiales pelo beijo forçado que recebeu do presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF) na final da Copa do Mundo de 2023, complicando ainda mais o futuro do dirigente.

Fontes do Ministério Público informaram nesta quarta-feira (6) a queixa foi apresentada um dia antes e era fundamental para que o processo judicial pudesse avançar, após a promotoria da Audiência Nacional (ANE) abrir uma investigação preliminar contra o dirigente por "suposto crime de assédio sexual".

A partir de agora a promotoria da ANE apresentará formalmente a sua denúncia contra Rubiales "o mais rapidamente possível", detalharam as fontes.

"No caso de crimes de natureza sexual, é necessário denunciar a pessoa acusada", explicaram fontes da promotoria à AFP.

Recentemente, uma reforma do Código Penal espanhol determinou que um beijo não consensual pode ser considerado agressão sexual, uma categoria criminal que agrupa todos os tipos de violência sexual.

"Ela deu um passo exigido pela legislação penal para investigar e julgar o ocorrido. Agora é o Estado que deve estar à altura. E estará. Temos as leis necessárias e um Ministério Público que demonstrou seu compromisso com a igualdade e contra a violência sexista. Acabou", escreveu na plataforma X (antigo Twitter) a delegada do Governo contra a Violência de Gênero, María Victoria Rosell.

As penas para um beijo forçado variam de multa a quatro anos de prisão, detalhou o MP espanhol.

Um ato 'sexista'

Rubiales provocou indignação internacional desde que beijou, sem consentimento, a jogadora Jenni Hermoso durante a entrega de medalhas após a Espanha vencer a Inglaterra (1-0) na final da Copa do Mundo feminina, no Estádio de Sydney.

O dirigente, que negou sua própria demissão em um polêmico discurso em uma assembleia da RFEF, defendeu poucos dias depois que o beijo havia sido "consentido". Posteriormente, a Fifa o suspendeu de seu cargo por 90 dias.

A jogadora de 33 anos afirmou que se sentiu "vulnerável e vítima de uma agressão" e que para ela o ato foi "impulsivo, machista, inadequado e sem qualquer tipo de consentimento da minha parte".

O Tribunal Administrativo do Esporte (TAD) estuda aplicar processos disciplinares contra Rubiales.

No entanto, como os processos já abertos são por má conduta grave e não muito grave, o Governo não pode suspendê-lo.

O Conselho Superior de Esportes (CSD) já havia solicitado esta suspensão ao TAD, para que o tribunal tomasse a iniciativa de afastá-lo do cargo até que a solicitação fosse decidida.

O caso gerou uma série de condenações mundo afora, tanto que Rubiales chegou a denunciar na última sexta-feira que foi vítima de um "linchamento político e midiático sem precedentes".

Na segunda-feira, a seleção espanhola de futebol masculino rejeitou o "comportamento inaceitável" do dirigente, e a própria RFEF fez o mesmo um dia depois, anunciando a demissão do treinador da seleção feminina campeã do mundo, Jorge Vilda, próximo de Rubiales.

No entanto, o lateral-direito do Real Madrid Dani Carvajal, um dos capitães da seleção espanhola, causou polêmica ao afirmar na terça-feira que ainda não foi decidido "se há algum culpado ou alguma vítima" no caso. 

Nesta quarta-feira ele explicou que não quis dizer que Hermoso não fosse vítima, mas que defendeu "a presunção de inocência" de Rubiales.