O Brasil foi derrotado por 1 a 0 pela Argentina de Lionel Messi em um jogo tenso nesta terça-feira (21), no Maracanã, no Rio de Janeiro, e perdeu sua histórica invencibilidade como mandante em Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo. 

A partida, que foi adiada por quase meia hora devido a incidentes entre torcedores e policiais nas arquibancadas, foi decidida com uma bela cabeçada do zagueiro Nicolás Otamendi no segundo tempo (63'). 

Durante a confusão, que começou logo após a execução dos hinos nacionais, Messi e seus companheiros ameaçaram não jogar e voltaram ao vestiário, mas acabaram voltando a campo quando os ânimos já haviam se acalmado. 

Aos 36 anos, naquela que talvez tenha sido sua última visita ao templo do futebol, onde foi aplaudido quando seu nome foi ouvido nos alto-falantes, o astro e sua equipe conseguiram quebrar uma marca do Brasil que parecia eterna: nunca havia perdido em casa nas eliminatórias da Copa do Mundo, na qual estreou em 1954. 

A derrota agravou a crise do time comandado por Fernando Diniz, desfigurado pelas ausências dos lesionados Neymar, Vinícius Jr e o capitão Casemiro. 

Essa pode ter visto a última partida oficial de Fernando Diniz como técnico da seleção brasileira. 

As eliminatórias serão retomadas em setembro de 2024, quando o italiano Carlo Ancelotti já terá assumido o comando, conforme garante a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Alta tensão

Diante de 68 mil espectadores, o Brasil sofreu três derrotas consecutivas pela primeira vez em Eliminatórias da Copa do Mundo, após as quedas diante do Uruguai (2 a 0) e Colômbia (2 a 1).

Com a vitória histórica, os tricampeões mundiais fecham 2023 na liderança das Eliminatórias, com 15 dos 18 pontos possíveis. A Argentina venceu 5 jogos e perdeu um, para o Uruguai.  

Em sexto lugar com sete pontos em seis partidas, o Brasil de Diniz se despede de um ano para ser esquecido com uma terceira derrota seguida, algo também inédito no torneio. 

As eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2026, que oferecem seis vagas diretas e uma por meio de repescagem, serão retomadas em setembro do ano que vem. 

O duelo desta terça começou com os ânimos à flor da pele devido aos incidentes nas arquibancadas que deixaram pelo menos um torcedor ferido, segundo um jornalista da AFP. 

A situação lembrou o superclássico anterior disputado no Brasil, no dia 5 de setembro de 2021, em São Paulo. 

Naquela ocasião, agentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) interromperam o jogo em busca de jogadores argentinos suspeitos de terem violado as normas anti-covid. O confronto foi suspenso e cancelado quase um ano depois. 

A tensão das arquibancadas chegou ao gramado. No primeiro tempo prevaleceu o jogo duro, com apenas uma chance clara de gol: um chute de Gabriel Martinelli (43') que o zagueiro Cristian Romero desviou perto da linha.

Otamendi decide

Na volta do intervalo a Seleção ficou ainda mais desfalcada com a saída do capitão Marquinhos por aparentes problemas físicos. Mas os jogadores de Scaloni, com um Messi ausente, tiveram problemas para forçar o seu substituto, Nino. 

Já os brasileiros testaram o goleiro Emiliano Martínez que fez uma defesa heroica em um chute de Martinelli (58') no mano a mano após um contra-ataque. 

Mas a Argentina não desperdiçou sua primeira chance. Após um escanteio cobrado por Giovani Lo Celso, novidade no time titular, Otamendi subiu mais que todo mundo e deu uma bela cabeçada sem chances para Alisson. 

Diniz queimou todas as substituições e desequilibrou um pouco a balança a seu favor.

A saída de Messi (78'), que teve uma atuação discreta, substituído por Ángel Di María, ajudou como impulso psicológico. Mas a torcida não sentiu a mudança e começou a deixar o estádio faltando dez minutos para o final, logo após o meia Joelinton, que havia entrado no lugar do zagueiro Gabriel Magalhães (72'), ser expulso por acertar o rosto de Rodrigo De Paul. 

A 'Albiceleste' neutralizou as tentativas brasileiras e segurou o placar para voltar a fazer história no Maracanã, onde seus torcedores começaram a cantar "olé".

O Brasil volta à disputa das Eliminatórias no dia 5 de setembro de 2024, recebendo o Equador. No dia 10 do mesmo mês visita o Paraguai.

Já a Argentina jogará em casa contra o Chile (dia 5) e depois viaja para encarar a Colômbia (dia 10).