O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) ordenou, nesta quinta-feira (7), que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, deixe o cargo, ao considerar inválido o acordo da entidade com o Ministério Público (MP) que permitiu sua eleição.

"A instituição terá de realizar nova eleição no prazo de 30 dias e, até lá, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ficará responsável pela rotina administrativa da CBF", indicou o tribunal em um comunicado.

A CBF ainda não se pronunciou sobre a decisão judicial, embora deverá apelar da decisão, segundo a imprensa.

Em uma carta enviada nesta quinta-feira à CBF, a Fifa alertou que qualquer "influência de terceiros" sobre seus membros pode resultar em "possíveis sanções".

Uma das consequências poderia ser a exclusão do Brasil de competições internacionais, como o Mundial de Clubes da Fifa, que será disputado na Arábia Saudita (12 a 22 de dezembro) e que contará com a presença do Fluminense, atual campeão da Copa Libertadores da América.

Também pode impactar na suposta chegada do técnico Carlo Ancelotti para a Seleção em meados de 2024, assim que seu atual vínculo com o Real Madrid terminar.

Ednaldo Rodrigues, de 69 anos, ficou à frente das negociações e garantia que tinha um acordo com o treinador italiano.

Ancelotti não reconheceu publicamente qualquer comprometimento com a Seleção, atualmente comandada por Fernando Diniz. 

O técnico brasileiro tem contrato até julho de 2024 e alia o cargo de treinador da seleção com o de técnico do Fluminense.

Imbróglio judicial

A saída de Ednaldo Rodrigues se deve ao fato de a Justiça ter invalidado um acordo entre a máxima autoridade do futebol brasileiro e o MP do Rio no início de março de 2022. 

Esse entendimento suspendia uma ação judicial do MP contra a CBF e permitia novas eleições, nas quais Ednaldo foi eleito presidente dias depois com mandato até 2026.

O acordo entre o MP e a CBF modificou então as regras eleitorais alteradas na assembleia geral da CBF de março de 2017, sem que os representantes dos clubes da primeira divisão tivessem sido convocados.

Nessa reunião de 2017, foi alterado o peso dos votos dos times e federações, o que triplicou o seu poder de força, afirmou na ocasião o MP, que então levou o caso à Justiça.

Sob esse novo regulamento, o ex-presidente da CBF Rogério Caboclo, antecessor de Ednaldo, foi eleito para o período entre 2019 e 2023.

Mas ele foi destituído do cargo em junho de 2021 devido a acusações de assédio, posteriormente rejeitadas pela Justiça.

Um mês depois, a Justiça do Rio determinou a anulação de sua eleição devido à irregularidade na mudança das regras de 2017.

Ednaldo Rodrigues foi nomeado presidente interino após a saída de Caboclo e depois, em março de 2022, foi formalmente eleito para o cargo até 2026, em eleições que ocorreram após selar uma conciliação com o MP sobre as regras eleitorais.

No entanto, os dirigentes da época questionaram o acordo na Justiça, ressaltando que Ednaldo não poderia chegar a um acordo porque era presidente interino e poderia se beneficiar do que foi acordado.

A Justiça do Rio lhes deu razão nesta quinta-feira ao afirmar que o acordo entre Rodrigues e o MP não era válido porque nenhuma das partes tinha "legitimidade para atuar neste caso".

Por isso ordenou novas eleições, sem especificar se Ednaldo Rodrigues poderá participar delas.