O atacante português Cristiano Ronaldo durante o jogo entre Atlético de Madrid e Juventus, em Madri, no dia 18 de setembro de 2019

Com a saída oficial de Cristiano Ronaldo para o Manchester United nesta sexta-feira, a Juventus abre uma nova página na sua história, depois de não ter conseguido reconquistar a Liga dos Campeões apesar do glamour do astro português.

Cristiano Ronaldo nem participou dos treinos com a sua equipe nesta sexta-feira. "Ele não pretende jogar" com o clube 'bianconero', confirmou mais tarde o treinador da Juve, Massimiliano Allegri. 

Horas depois, a oferta do Manchester United e o acordo com a Juventus para a transferência foram revelados.

"Devemos agradecer a Cristiano Ronaldo pelo que fez, mesmo como exemplo para os jovens. Mas temos de seguir em frente", disse o treinador em coletiva de imprensa. 

"CR Ciao", estampou a Gazzetta dello Sport nesta sexta, antecipando o ponto final na aventura que começou no verão europeu de 2018 com o cinco vezes vencedor da Bola de Ouro. 

O Manchester City havia sido cogitado nas últimas horas como um possível destino para CR7, mas o United assumiu a liderança e conseguiu fechar o retorno do craque que teve uma passagem marcante no clube de 2003 a 2009. 

A última imagem do português em campo na Serie A será a do último domingo contra a Udinese (2-2). CR7 a marcou um gol nos acréscimos que acabou sendo anulado por impedimento.

- Renovação -

Apesar das garantias dos dirigentes da Juve sobre a importância do astro, a mensagem do treinador Massimiliano Allegri ao deixar o português no banco na primeira rodada desta Serie A foi clara: o atacante de 36 anos não é mais o centro do projeto 'bianconero'. 

Em campo, Allegri deu a braçadeira ao argentino Paulo Dybala, de 27 anos. E o futuro agora pertence aos jovens: Federico Chiesa, Dejan Kulusevski, Manuel Locatelli, Matthijs de Ligt... 

O peso de Cristiano Ronaldo na 'Vecchia Signora', titular quase absoluto e artilheiro indispensável nas últimas temporadas (101 gols em 134 jogos), foi por vezes um freio no desenvolvimento de uma nova Juventus. 

Fora de campo, Cristiano Ronaldo permitiu que a marca Juve superasse uma nova fase, tanto em termos de visibilidade global como de receitas de bilheteira e patrocínios. 

Mas também pesa muito sobre as finanças, debilitadas pela crise sanitária ligada à covid-19. CR7 custou ao clube de Turim cerca de 101 milhões de dólares por ano, entre o seu salário (36 milhões de dólares líquidos, 67 milhões de dólares brutos) e a amortização do investimento realizado em 2018 para contratá-lo junto ao Real Madrid (135 milhões de dólares), ou seja, cerca de 34 milhões de dólares por temporada até 2022.

- Corrida para achar um substituto -

Além dos números, a verdadeira decepção do casamento Cristiano Ronaldo-Juventus continua sendo a Liga dos Campeões, com três eliminações precoces (nas quartas de final e duas nas oitavas de final). 

"O balanço diz que a Juventus deu a Cristiano Ronaldo mais do que o grande camisa 7 deu aos bianconeri", escreveu a Gazzetta dello Sport em um editorial. "Despedir-se de Cristiano Ronaldo é difícil para todos digerirem, mas se ninguém está realmente convencido é melhor partir imediatamente". 

O divórcio foi formalizado, embora a Juventus tenha imposto suas condições ao agente de Ronaldo, Jorge Mendes, na quinta-feira. O clube avisou a ele que não iria deixar a estrela ir embora de graça. 

Ao mesmo tempo, a Juve já procura um atacante para compensar a saída do português. 

A mídia tem citado os nomes do brasileiro Gabriel Jesus, mas também do italiano Moise Kean, do argentino Mauro Icardi (PSG) e do sérvio Luka Jovic (Real Madrid). O clube terá que correr contra o tempo, já que o mercado de transferências se encerra na terça-feira à noite.