Vista parcial do Estádio Etihad, em 21 de abril de 2021, onde as partidas do Manchester City estão sendo disputadas

O Manchester City, um dos 12 clubes europeus fundadores da European Super League (ESL), organizadora da nova Superliga, torneio privado e quase fechado, oficializou a sua saída do projeto nesta terça-feira, em um comunicado publicado em seu site oficial. 

"O Manchester City Football Club confirma que iniciou formalmente o processo de retirada do grupo que elabora o plano para uma Superliga Europeia", explicou a entidade em seu comunicado. 

Este anúncio confirma as notícias da mídia britânica de que o City, junto com o Chelsea, estava considerando se retirar de um projeto que não agradava nem à classe política, nem aos torcedores, nem ao próprio técnico do clube, Pep Guardiola. 

"O esporte não é esporte quando não há relação entre esforço e recompensa. Não é esporte se o sucesso é garantido ou se a derrota não é importante", disse o treinador catalão nesta terça-feira sobre uma competição em que 15 vagas em 20 do total seria reservado todos os anos para as equipes fundadoras. 

Pouco depois do comunicado do City, o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, disse estar "contente" com a decisão do clube inglês, o primeiro dos 12 fundadores da Superliga a abandonar um projeto que ameaçava explodir o futebol europeu. 

"Estou contente por receber o City de volta à família do futebol europeu", comemorou o dirigente em declarações dadas à AFP, destacando a "grande inteligência" e "coragem" desta decisão, que representa o primeiro abandono de um dos fundadores do projeto.

- Boris Johnson contra a Superliga -

City acabou cedendo à pressão dos torcedores e do próprio governo britânico. 

"A decisão do Chelsea e do Manchester City é, se confirmada, a correta", tuitou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson mais cedo. 

"Espero que os outros clubes que participam na Superliga europeia façam o mesmo", acrescentou o político, que havia ameaçado "usar todos os meios possíveis" para impedir a Superliga. 

O eventual fracasso deste projeto também teria sido influenciado pela oposição majoritária dos torcedores.

Centenas de torcedores de diferentes clubes ingleses se reuniram nos arredores de Stamford Bridge para protestar contra o projeto da Superliga europeia, nesta terça-feira, antes do jogo entre Chelsea e Brighton, que terminou empatado em 0 a 0. 

"RIP Football 1863-2021", "Criado pelos pobres, roubado pelos ricos" ou "Abramovich (dono do Chelsea) tome a decisão certa" foram algumas das muitas mensagens veiculadas pelos quase mil torcedores concentrados em volta do estádio do Chelsea e que pela primeira vez deixaram de lado a rivalidade futebolística. 

"Eu carrego o Manchester City no meu sangue, meu tio jogou pelo City e toda a minha família é de torcedores do City, mas não quero que façamos parte dessa elite. Prefiro nos ver na League Two (4ª divisão)", garantiu Zac Bookbinder, de 16 anos, à AFP enquanto protestava com alguns amigos. 

Os manifestantes bloquearam o trânsito, em clima de festa, impedindo inclusive a entrada do ônibus que levava os jogadores do Chelsea ao estádio.

O ídolo dos 'Blues' e ex-goleiro Petr Cech ainda teve que descer do ônibus para pedir aos manifestantes que deixassem o veículo passar, tentando dialogar com eles. 

Mas os fãs não pararam de mostrar sua oposição ao projeto. "Queremos nosso Chelsea de volta", gritaram alguns, recebendo o apoio dos motoristas, que passavam buzinando.

A decisão de fazer parte da Superliga "arruína anos de história" do clube, lamentou Danny Bedford, de 48 anos, torcedor dos 'Blues'. "Me parece uma piada de mau gosto e simplesmente a última ideia para tirar o dinheiro dos torcedores e arruinar 116 anos de história do Chelsea Football Club", acrescentou este agente de segurança. 

O projeto prevê que os 15 clubes fundadores da Superliga tenham a sua vaga assegurada neste torneio, independentemente dos resultados em campo, e que participem mais cinco equipes como convidadas.