Seu talento precoce empolgou o Brasil, quase sempre em busca de um "novo Pelé". Mas o ex-atacante Robinho não conseguiu manter o brilho de sua carreira, manchada por uma condenação de estupro que agora pode levá-lo à prisão em solo brasileiro.

O futuro do ex-jogador da Seleção pode ser definido nesta quarta-feira (20), quando o Superior Tribunal Judicial (STJ) examinar um pedido para que cumpra no Brasil uma sentença imposta pela Justiça italiana, que o condenou a nove anos de prisão por um estupro coletivo a uma jovem em Milão, em 2013.

A história de Robson de Souza passa por comparações ao 'Rei' do futebol, contratações milionárias nos grandes clubes da Europa... e decepções.

Como um foguete

Nascido na cidade de São Vicente, no estado de São Paulo, despontou aos 18 anos no Santos como um potencial sucessor da brilhante e vitoriosa geração de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo.

Ganhou duas edições do Campeonato Brasileiro (2002 e 2004) e foi considerado o melhor jogador do país em 2004, um ano antes de ser contratado pelo Real Madrid, onde seria recebido pelo lendário Alfredo Di Stéfano.

Jogando no clube merengue ao lado de estrelas como Ronaldo, Roberto Carlos, Zidane, Casillas, Beckham e Raúl, o atacante se preparava para conquistar a Europa, mas acabou se contentando com dois troféus do Campeonato Espanhol (2006/07 e 2007/08) e uma Supercopa da Espanha (2008).

Sua primeira partida no time espanhol (uma vitória por 2 a 1 fora de casa sobre o Cádiz) empolgou a imprensa do país, que estampou as principais manchetes com frases como "E Deus criou Robinho" ou "Nasce uma estrela", apesar de ter jogado apenas por 24 minutos.

Foram 35 gols em 137 jogos com o Real Madrid, onde as aspirações de se tornar um superastro começaram a aparecer. 

Insatisfeito porque o clube queria vendê-lo para comprar o português Cristiano Ronaldo, foi contratado pelo Manchester City em 2008, em uma transferência no valor de 40 milhões de euros (R$ 73,3 milhões na cotação da época), notável para aquela década.

Embora tenha tido uma boa primeira temporada, o fervor diminuiu devido a uma lesão no tornozelo em setembro de 2009, que o deixou fora dos gramados por quase três meses.

No início daquele ano, protagonizou seu primeiro escândalo: foi brevemente preso por uma suposta agressão sexual contra uma jovem em uma boate em Leeds, mas ficou livre das acusações após a investigação.

A queda

Com dificuldades para se estabelecer no elenco titular, deixou os 'Citizens' na janela de transferências no final do ano de 2010 rumo ao Santos, onde teve uma breve passagem antes de partir para o Milan. 

Embora tenha tido atuações marcantes, não conseguiu imprimir uma constância na titularidade do clube 'rossonero', mas venceu o Campeonato Italiano em 2010/11, sua última grande conquista na Europa.

Aos 30 anos, retornou ao Santos e posteriormente jogou no Atlético Mineiro, Guanghzou Evergrande, da China, e Sivasspor e Başakşehir, da Turquia.

Marcou 28 gols em 100 partidas pela Seleção Brasileira, com a qual conquistou a Copa das Confederações de 2005 e 2009 e a Copa América de 2007.

Também esteve presente nas Copas do Mundo de 2006 e 2010, nas quais o Brasil caiu nas quartas de final, em meio a uma fase de transição entre o título de 2002 e a chegada da geração de Neymar. 

Ainda no Atlético Mineiro, em 2017, foi notificado da condenação em primeira instância pelo estupro coletivo cometido contra uma jovem albanesa em Milão.

Apesar da sentença, jogou por mais três temporadas entre Brasil e Turquia, mas sua carreira chegou ao fim após seu retorno ao Santos em 2020. 

A pressão de torcedores, mídia e patrocinadores fez com que o clube rescindisse o contrato antes mesmo de sua estreia em campo.