A carreira de Daniel Alves, o jogador de futebol com recorde de títulos conquistados, chegou ao fim em fevereiro, quando ele foi condenado a quatro anos e meio de prisão por estupro, embora um tribunal de Barcelona tenha autorizado nesta quarta-feira (20) a sua libertação provisória com o pagamento de uma fiança de um milhão de euros (5,4 milhões de reais).

O ex-astro do futebol foi condenado mais de um ano após sua entrada em prisão preventiva, em janeiro de 2023, quando o Pumas do México rescindiu contrato com o brasileiro.

Na decisão desta quarta-feira, a Audiência de Barcelona autoriza a libertação de Alves,40 anos, "mediante o pagamento de uma fiança de 1.000.000 de euros", após a qual serão retirados os passaportes espanhol e brasileiro do ex-jogador. Além disso, ele deverá permanecer afastado da vítima do estupro.

Entre sua estreia no Bahia em 2001, aos 18 anos, e sua última partida com o clube mexicano em janeiro de 2023, aos 39 anos, o ex-lateral-direito disputou quase 1.000 partidas oficiais pelos seus times e na Seleção Brasileira, acumulando um número recorde de troféus.

"Tenho 39 anos e junto com os meus, sou o maior vencedor da história do futebol com 43 troféus. Ah, e se alguém me passar, vou jogar até os 50 anos", afirmou em junho de 2022 em suas redes sociais.

Sua coleção de troféus foi crescendo à medida que passou por clubes como Barcelona, Juventus e Paris Saint-Germain, que almejavam ter um dos melhores laterais do mundo em seus elencos.

Nascido em uma família de origem humilde em Juazeiro, na Bahia, aos 10 anos levantava às cinco horas da manhã com seu irmão para ajudar o pai no campo, antes de ir para a escola.

Ele rapidamente foi descoberto pelo Sevilla, pelo qual foi contratado em 2002 e permaneceu por seis temporadas.

Duas Liga Europa, uma Copa do Rei, uma Supercopa da Uefa e uma Supercopa da Espanha depois, o brasileiro chegou ao Barcelona por 35 milhões de euros (64,2 milhões de reais na cotação da época).

Ao longo de oito anos no clube catalão, entre 2008 e 2016, o ex-lateral conquistou 23 troféus, incluindo três títulos da Liga dos Campeões, três do Mundial de Clubes, seis do Campeonato Espanhol e quatro da Copa do Rei. 

"Doido e alegre"

Em 2016, deixou o Barcelona como agente livre rumo à Juventus, onde permaneceu por uma temporada, faturando um Campeonato Italiano e uma Copa da Itália e chegando a uma final de Champions, que o time perdeu para o Real Madrid.

"Dani é um cara doido e alegre que vive sua vida a 300 km/h", disse seu então companheiro na 'Juve', Giorgio Chiellini.

No ano seguinte, se juntou ao PSG para tentar ajudar seu compatriota Neymar a ganhar uma Liga dos Campeões, embora sem sucesso. O que não o impediu de conquistar dois títulos do Campeonato Francês em duas temporadas em Paris, uma cidade que não gostava.

"Paris é uma cidade estressante, não gosto muito", disse ele à GQ Brasil, denunciando os "racistas" na França. 

Em 2014, o ex-jogador foi alvo de racismo quando jogaram uma banana em sua direção em campo enquanto se preparava para cobrar um escanteio em uma partida em Villarreal. Em resposta, Alves pegou a fruta e deu uma mordida, antes de arremessá-la ao chão.

De volta ao Brasil em 2019, venceu um Campeonato Paulista com o São Paulo antes de um breve retorno ao Barcelona.

"Agora é hora de dizer adeus", escreveu em seu Instagram em junho de 2022, quando trocou o 'Barça' pelo México, evocando "mais de oito anos dedicados a este clube, a estas cores, a esta casa...".

Seleção Brasileira

Sua trajetória em clubes se reflete na 'Seleção', com a qual estreou em outubro de 2006 e fez sua última aparição nas oitavas de final da Copa do Mundo do Catar-2022 contra a Coreia do Sul. Ao todo, foram 126 jogos disputados com a camisa verde e amarela.

Perdeu nas quartas de final no Mundial de 2010, na África do Sul, novamente nas semifinais em 2014, quando o Brasil disputou a Copa em casa, e não esteve na Rússia em 2018 devido a uma lesão no joelho. 

A taça da Copa do Mundo foi o único troféu que não conquistou.

Daniel Alves venceu duas Copas América, a segunda substituindo Neymar como capitão em 2019 e, aos 38 anos, levou o Brasil ao ouro olímpico em Tóquio-2021, seu último troféu antes da condenação.