A Argentina enfrenta na terça-feira (13), pelas semifinais da Copa do Mundo do Catar, a Croácia, um país que está presente na árvore genealógica do maior ídolo do futebol argentino, Diego Maradona, que tinha um bisavô procedente dessa região da Europa.

"Dizem que meus antepassados viveram perto daqui. Vim ver se me deixaram alguma herança", brincou o próprio Maradona em uma visita à cidade de Novi Vinodolski, (norte da Croácia) para participar de um jogo beneficente em 2005 ao lado de grandes nomes do tênis, como John McEnroe e Goran Ivanisevic, e do futebol do país balcânico, como Davor Suker e Zvonimir Boban.

Para chegar a esses antepassados, é preciso voltar à figura de Matej Karolic, nascido em 1847 em um local da atual Croácia, então pertencente ao Império Austríaco.

Estima-se que o local de nascimento poderia ser a ilha de Korcula (sul da Croácia), mas segundo um artigo recente da revista Caras, a certidão de batismo de Matej Karolic aponta sua origem em Praputnjak, perto de Rijeka (norte).

O resto da história leva à Argentina, país ao qual Matej Karolic emigrou com 25 anos e onde mudou seu nome no registro na época para Mateo Cariolich.

Instalado em Corrientes, casou-se com Trinidad Ferreyra em 1875 e dessa união nasceram oito filhos. A caçula, Salvadora, foi a avó materna de Diego Maradona.

Salvadora e seu marido Atanasio tiveram em 1929 Dalma Salvadora Franco, que entrou para a história com o apelido de 'Doña Tota' e que foi a mãe de Diego Maradona, nascido em 1960 em Villa Fiorito (Buenos Aires) e falecido em 2020 aos 60 anos.

Portanto, o jogo contra a Croácia representa, de certa forma, mais um aceno à onipresença de Maradona na Copa do Mundo, torneio no qual se consagrou definitivamente ao levar a Argentina ao título em 1986.

Uma longa história migratória

O movimento migratório da Croácia para a Argentina está menos documentado do que os oriundos de Itália e Espanha, mas teve uma certa relevância.

Os registros e números são difíceis de estabelecer, já que a Croácia estava integrada a outras entidades como o Império Austro-Húngaro e a Iugoslávia, o que impossibilitou em muitos casos o rastreamento de dados, embora as estimativas do governo do país sobre sua diáspora apontem que cerca de 250 mil pessoas com origens croatas vivem atualmente na Argentina.

O início do fluxo migratório se remonta inclusive a antes da independência da Coroa Espanhola, com chegadas pontuais como a do jesuíta Nikola Plantic (Nicolás Plantich, em seu registro ao chegar à Argentina) para lecionar na Universidade de Córdoba em meados do século XVIII.

Na segunda metade do século XIX e início do século XX, o fluxo migratório se acentuou, assim como no período entreguerras.

Entre os descendentes de croatas na Argentina há nomes destacados do esporte além de Maradona, como Daniel Orsanic, capitão da equipe que conquistou a única Copa Davis do tênis argentino, em 2016, justamente sobre a Croácia, em Zagreb.

Naquele fim de semana de novembro de 2016, Maradona estava na arquibancada da Arena Zagreb, onde recebeu a notícia do falecimento do ex-presidente cubano Fidel Castro, a quem o lendário ex-jogador qualificou então como seu "segundo pai".