Como milhões de famílias brasileiras, a do atacante Richarlison ficou desconsolada com a eliminação da Seleção para a Croácia nas quartas de final da Copa do Mundo. Mas isso não apaga seu "orgulho" por ter visto 'Charlinho' brilhar no Catar.

"A gente sente tanto orgulho por ele. Ele começou do nada, aí vemos hoje o nível que ele está. É um menino simples, um menino bom, honesto", disse sua avó Sebastiana Francisca de Andrade, de 69 anos, que recebeu 30 pessoas para ver o jogo.

Richarlison construiu a casa da avó em sua cidade natal, Nova Venécia (ES), de cerca de 50 mil habitantes, com seus primeiros salários como jogador profissional.

Na sala já não havia mais espaço no sofá. Os mais novos, a maioria primos do atacante do Tottenham, sentam no chão, usando camisas da Seleção ou do clube londrino.

Todos estão tensos. Só se ouve de vez em quando os gritos de "Vai, Charlinho!" a cada vez que o camisa 9 toca na bola.

Depois de um primeiro susto, quando Richarlison parecia ter se machucado no início do jogo, em um choque com o croata Luka Modric, a família respira aliviada ao vê-lo permanecer no campo.

"Se ele não fez gol é porque não passam a bola", diz um primo no momento em que o atacante é substituído, aos 38 minutos do segundo tempo.

Sua avó parou de assistir à partida no intervalo. Era apreensão demais.

Apesar da decepção pela eliminação nos pênaltis para a Croácia (1-1, 4-2), sua irmã mais velha, Kettima Pereira de Andrade, de 27 anos, destaca o caminho percorrido pelo jogador, que deu de cara com portas fechadas várias vezes antes de assinar seu primeiro contrato profissional.

"Desde quando a gente era pequenininho, peguei uma fase dele imitando o Neymar. Hoje, o vendo ao lado do Neymar, meu coração é cheio de gratidão, porque um sonho de infância dele agora está se realizando", disse.

"Meu pai levava a gente para os jogos que ele jogava. A gente subia em cima do caminhão, ia com todo o pessoal", acrescenta Kettima, que trabalha com venda online de lingerie.

"Família unida"

Richarlison, de 25 anos, se tornou o jogador preferido dos brasileiros quando marcou os dois gols na vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia, no primeiro jogo da Seleção no Mundial. As imagens de seu voleio para o segundo gol deram a volta ao mundo.

O 'Pombo' também é querido pelos torcedores por seu compromisso com causas sociais.

"A gente é uma família unida, e isso fez com que ele se tornasse essa pessoa que é hoje, amoroso, que abraça  causas, que abraça pessoas necessitadas", explica sua tia Audiceia de Andrade, de 51 anos.

Richarlison doa 10% do seu salário a um hospital que atende pacientes com câncer, doença que matou seu avô.

"Eu fiz tratamento nessa casa, e tem realmente pessoas precisando", revela sua tia, que teve câncer de mama.

Cozinheira de profissão, Audiceia espera o retorno do sobrinho famoso a Nova Venécia para preparar seu prato favorito: arroz, feijão e ovo frito.